sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

DE CRISE EM CRISE ATÉ AO SÉCULO XIX?


Gosto muito de conversar com a Natasha (para quem não conhece, uma das meninas da Taberna) . Aquele aspecto cuidado e abonecado, roçando muitas vezes a superficialidade, esconde uma mulher inteligente e erudita, com quem gosto de trocar ideias que vão para lá “da espuma dos dias” como diria o meu amigo taberneiro António Luís.

Ontem, madrugada dentro, enquanto a Natasha fechava as contas do dia e eu repunha alguns stocks em falta, a rapariga, do nada, sai-se com o seguinte comentário: “Eu acho que as crises são inventadas”.

Com a cabeça dentro do frigorífico, não percebi completamente o que a Natasha disse:
- Diz!?
- Estas crises de que tanto se fala, na televisão, na rádio e nos jornais…é tudo inventado…

Eu pensei naquilo dois ou três segundos e respondi:
- Mas achas que estes cortes salariais, o desemprego, os despedimentos cada vez mais facilitados não são reais? É tudo inventado?

A resposta que a Natasha me deu foi uma autêntica lição de economia, que me deixou de boca aberta e me ficou integralmente gravada na memória, pela lucidez da análise e, sobretudo, pela simplicidade com que me fez ver o seu (agora também meu) ponto de vista:

- Não, Zé. Isso tudo que tu disseste está a acontecer. Só acho é que estas crises, de que nunca saímos (pelo menos aqui em Portugal) são pensadas muito antes de acontecerem e feitas para provocar os efeitos que agora são visíveis em Portugal e um pouco por todo o mundo: despedir com mais facilidade e tirar direitos a quem trabalha. Daqui a pouco tempo, acredita, nos dirão que uma nova crise (em Portugal continuará a ser a mesma) obrigará a tomar mais medidas, como cortar o subsídio de Natal e de Férias para que os patrões, coitados, se possam aguentar. Até chegar o momento em que ter um salário já será um privilégio, como noutros tempos.

Sentados ao balcão, cada um com a sua cerveja na mão, lá estivemos a reflectir e a conversar à volta das condições em que viviam os trabalhadores das fábricas no século XIX, onde os horários de trabalho eram aqueles que o patrão quisesse, em que ter um emprego era uma dádiva divina, sendo que Deus, neste caso, era o benemérito patrão que às vezes fazia o favor de pagar aos trabalhadores.

Estaremos assim tão longe do século XIX?

4 comentários:

Anónimo disse...

Ora aí está uma visão simples mas verdadeira da forma como funciona a economia/finança mundial.

Passo a passo, estamos de facto a regredir até a um ponto em que trabalharemos de sol a sol (no meu caso, por exemplo, o trabalho nocturno só começa às 22.00!!!)

Isto está bom para meia dúzia de especuladores e o povinho que se lixe.

Anónimo disse...

por vezes é preciso um abano...!quando havia trabalho, era para para os "ucranianos"!os empregos de esferograficas era para "nós"!e agora!?... não se queixem!

Anónimo disse...

Este "não se queixem" é típico de algum boy socialista que está evidentemente de barriga cheia, e que pelo menos enquanto for o PS a mandar no país nada tem a temer.
a crise, provocada muito por culpa da mão que lhe dá sopa, é só para alguns.
tenha vergonha!

Anónimo disse...

ai... se o "nosso" primeiro soubesse quantas vezes em média por mês os portugueses fazem "amor" já nos tinha lançado um imposto que iria dar cabo do orçamento de muitas famílias. E, como sempre era sobre as familias mais carenciadas que iria incidir.
Bem...não nos devemos preocupar porque ele não imagina o que isso é...

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